Mulher cadeirante vítima de violência doméstica mostra superação e rotina ativa, graças ao avanço tecnológico de cadeiras de rodas

Bruna Marsanovic, de São Paulo, foi agredida em 2015 pelo ex-namorado. Ela quer mostrar como é possível retomar o trabalho e a maternidade, além de falar da necessidade da interrupção do ciclo de violência

Em dezembro de 2015, Bruna Marsanovic, na época com 27 anos, passou por uma experiência que muitas mulheres no Brasil passam todos os anos. Ela sofreu uma tentativa de feminicídio. O ex-namorado jogou a jovem de um edifício em São Paulo, em uma altura de 12 metros. Após três meses internada, sendo um mês em estado de coma, Bruna se recuperou, mas passou a conviver com uma nova realidade: ela se tornou cadeirante, o que não a impediu de seguir sua rotina e até mesmo se tornar mãe. Atualmente, ela trabalha e cuida sozinha do filho de 7 meses. Neste Dia Internacional da Mulher, ela quer mostrar para outras mulheres na mesma situação a possibilidade de superação e enfrentamento à violência.

Conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro semestre de 2022 o país registrou 699 casos de feminicídio, que é o crime de homicídio contra mulheres com o agravante da violência de gênero, doméstica ou familiar, ou mesmo quando acontece por menosprezo ou discriminação à condição da mulher na sociedade. O número mostra que, em média, quatro mulheres foram mortas por dia no país neste período.

Antes mesmo da vítima chegar a essa condição, a violência também pode gerar consequência, como foi o caso de Bruna, que ficou paraplégica. Segundo dados do governo federal, entre janeiro e julho de 2022, foram registradas 31 mil denúncias de violência doméstica contra mulheres. “No tempo em que fiquei internada e em coma, estava completamente desenganada. Mas graças a Deus eu pude me recuperar para compartilhar a minha experiência com mulheres que passam por isso e poder mostrar que a vida continua independente da deficiência”, diz.

Cadeira motorizada: uma extensão do corpo

Bruna atualmente trabalha em uma empresa da área de saúde e segue uma rotina normal, de trabalhadora e de mãe, graças à sua reabilitação e à tecnologia desenvolvida em uma cadeira de rodas motorizada da Ottobock, empresa alemã com atuação no Brasil que é líder em equipamentos como próteses, órteses e mobility. Ela usa a cadeira Wingus, que possui, entre outras características, um dispositivo antitombamento nas rodas, o que traz mais segurança ao usuário. O equipamento apresenta, ainda, um apoio de braços rebatível para trás, o que permite ao cadeirante mais aproximação aos objetos, sem a interferência do apoio. A cadeira ainda possui tecnologia de amortecimento, o que torna a condução mais confortável em solos irregulares.

Ainda durante a gestação, a cadeira foi importante para trazer a tranquilidade necessária para a rotina de Bruna. “A minha gravidez foi muito tranquila, podendo usar uma cadeira que me dá autonomia e independência. A cadeira, para quem usa, é uma extensão do corpo. Se a gente está sentado em um equipamento que não é adequado ao corpo, a gente percebe o quanto isso prejudica na nossa rotina, postura e saúde”, explica.

E ela faz questão de frisar: sua vida é a mesma de uma pessoa que não tem deficiência, graças ao avanço tecnológico na área. “A tecnologia sempre nos proporciona equipamentos cada vez mais avançados a cada dia, que melhoram a vida do usuário. Eu acordo às 4h da manhã e enfrento a rotina de pegar metrô e ônibus. A cadeira que eu uso me dá segurança e estabilidade. Permite que eu leve meu filho para a escola com mais tranquilidade, porque o meu dia é muito corrido”, completa.

Debate constante sobre o tema

Independente e ativa, Bruna usa sua história para mostrar a outras mulheres o quanto é importante denunciar os casos de agressão e conseguir dar um basta no processo de violência de gênero. Ela considera fundamental que a sociedade como um todo, sejam pessoas comuns ou empresas, abordem o combate à violência contra a mulher e ao feminicídio tanto no mês de março quanto durante todo o ano.

“Atualmente temos um poder maior de visibilidade com esse assunto. É necessário que a gente conscientize, tanto homens quanto mulheres, que não precisa chegar ao ponto da violência. Se algo não está agradando a ambos, é possível seguir a vida individualmente, sem prejudicar um ao outro. É importante que as empresas tragam essa pauta não só quando o assunto está em alta, como agora. É sempre bom alertar para que mulheres não percam suas vidas, e para que homens não sejam presos. Não há necessidade de gastarmos nossa vida e deixar famílias despedaçadas”, afirma.

Sobre a Ottobock

Fundada em 1919, em Berlim, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portfólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

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