José Augusto Pinheiro, 57 anos, é jornalista guarulhense,
palestrante, locutor, mestre de cerimônias, coach, escritor e orador da
Academia Guarulhense de Letras
Em Sua Infinita Sabedoria, Deus jamais concebeu
dois filhos absolutamente iguais. A começar pela impressão digital, cujo
desenho é pessoal e intransferível. Não há dois seres humanos com a mesma
fórmula genética. Então, o que dizer de alguém completamente diferente do
padrão? Um ser dotado de plena simplicidade, sem perder a sagacidade dos
grandes pensadores; homem humilde dotado da mais elevada sensibilidade poética,
artística e jornalística. Uma figura humana desprovida de ego, que não se
importava com rigorosamente nada que representasse as frívolas convenções
sociais.
Eu conheci esse homem e com ele pude desfrutar
de comentários brilhantes e paradoxais, cujo teor tinha um quê de
‘inconformismo resignado’, um toque de ‘fé ateia’; uma compleição diminuta
abrigando homem de elevada estatura moral. Ele era dotado de talentos diversos,
contados em versos e prosa. Fez da sua singeleza de espírito o maior de seus
inúmeros atributos pouco convencionais. O jornalista Hanssen escrevia com a
pena pesada; o poeta Castelo flanava ludicamente com as palavras. Com sutileza,
expressava as verdades superlativas com frases curtas. Mesmo silente, era
eloquente.
Poucos dias depois de seu passamento, o coração
aperta de saudade dos nossos diálogos. Não sei dizer se foram muitos, mas foram
suficientes para cativar o coração deste neófito. Eu já havia observado Castelo
a distância muitas vezes. Alguém desprovido de amor fraterno não se empolgaria
com o seu biótipo. Algo, porém, dizia que eu aprenderia muito com ele. Veio o
ano de 2001, e o jornal Olho Vivo completou 20 anos. Fui destacado para narrar
a vitoriosa história do periódico. Naquele dia, no Open Hall, Valdir Carleto
homenageou Castelo Hanssen: “Este homem representa o poder”. Valdir estava
certo!
“Se quiser por à prova o caráter de um homem,
dê-lhe poder”, disse Abraham Lincoln. Em 2008 Castelo se tornou presidente da
Academia Guarulhense de Letras, mas manteve a postura serena e equilibrada. Em
sua gestão, marcou presença em todos os eventos culturais da cidade – ainda que
já tivesse que conciliar a reduzida visão física com as limitações motoras. É
dele a frase mais interessante que eu ouvi sobre a condição dos acadêmicos,
cujas ideias impressas têm a perspectiva da perenidade: “Nós seremos imortais
até o dia de nossa morte”.
Castelo vive! E viverá para sempre no coração de
quem crê na imortalidade da Alma. Onde quer que o poeta esteja agora, ele deve
estar brincando – livre, leve e solto, adjetivos que o caracterizaram em sua
emblemática passagem pela Terra. Voe em Paz, amado mestre Castelo!
Olho: Aristides Castelo Hanssen (1941-2020)
alcançou a imortalidade.
O poeta da Paz: Castelo de versos; talentos diversos
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