Stephan Blumrich
diretor do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) e vice-presidente e gerente geral da Umicore
O Brasil se prepara para tendências mundiais da mobilidade, como a
eletrificação, que entrará no mercado nacional, mas gradativamente, ao longo
dos próximos 20 anos. Isto em razão da alta eficiência dos motores de combustão
interna e dos biocombustíveis (etanol e biodiesel) disponíveis no País, que são
considerados neutros em termos de emissões de CO2, portanto serão mantidos
ainda por muito tempo aqui, embora, no Exterior, muitas cidades já discutam
proibir a circulação destes veículos.
O País não terá fabricação significativa de carros elétricos ou autônomos em
breve, mas as engenharias já precisam ir atrás do conhecimento como preparação
para quando houver importações. Neste ponto, os treinamentos serão fundamentais
para que os engenheiros entendam os novos sistemas porque haverá necessidade de
manutenção dos veículos.
Para gerenciar uma mudança radical, a organização precisa ter um sistema de
gestão da qualidade bem elaborado e, consistentemente, implementado para
estruturação de qualquer processo dentro da empresa. Isto é, garantia de que a
mudança será estruturada e nenhum fato relevante será esquecido na análise das
ações necessárias para implementar a mudança.
Nesse sentido, a recomendação é que toda empresa, antes de iniciar um processo
de mudança significativa ou radical, realize uma auditória profunda do sistema
de gestão da qualidade para garantir que, de fato, tem consistência. Uma vez
definido, o sistema de gestão da qualidade continua ser atualizado para
atendimento de novos requisitos.
Os processos da mudança também devem seguir, rigorosamente, os procedimentos
definidos no sistema de gestão da qualidade para que as alterações sejam
inseridas da forma certa na primeira vez. Por exemplo, uma mudança radical em
produto precisa ser refletida no sistema de gestão da qualidade. Sempre que
sair do conhecido, a engenharia precisa fazer análises profundas.
Fato é que nos últimos anos a indústria automobilística se tornou bastante
exigente com relação ao sistema de gestão da qualidade, que busca garantir as
entregas com zero defeito. Os SQ’s tendem a ser cada vez mais completos em
todos os players do setor, mas enquanto algumas empresas ainda os enxergam como
mal necessário, não contabilizando as vantagens deles, outras seguem à risca e
tiram proveito da sustentabilidade garantida ao negócio.
Com a oferta de auditorias, treinamentos e publicações, o IQA destaca neste mês
de novembro, que é dedicado mundialmente à qualidade, a sua vocação para o
aperfeiçoamento do sistema de gestão da qualidade na indústria e da competência
dos atores responsáveis pela implementação de mudanças, seja em produtos,
processos ou pessoas.