Da Redação
O perito Osvaldo Negrini Neto confirmou que a voz do vice-prefeito, Alexandre Zeitune (Rede), aparece nos áudios que indicam uma suposta extorsão a um empresário. A constatação está no laudo entregue por ele à Câmara Municipal e obtido pela Folha Metropolitana.
De acordo com o perito, os fragmentos contendo as falas de Zeitune representam um total de menos de 15 segundos. “Diante das análises minuciosas constantes do presente estudo é possível afirmar que as falas atribuídas à Alexandre Turri Zeitune, foram, efetivamente, produzidas por ele”, diz trecho do laudo.
No entanto, com relação aos demais interlocutores não foi possível fazer o estudo das vozes por ausência de material de confronto. Dessa forma, o suposto operador que teria pedido R$ 12 milhões para as campanhas eleitorais de Zeitune e Marina Silva não foi identificado.
Para chegar a essa conclusão, as falas dos arquivos foram capturadas e analisadas por meio de dois programas de processamento de áudio. No primeiro os ruídos de fundo foram eliminados para melhorar a audição de forma a não omitir qualquer frequência característica da voz humana. No outro, foram analisados os espectros de frequência de diversos trechos de curta duração selecionados, as quatro primeiras formantes da voz, o pitch (que pode ser traduzido como “tom da voz”) e as intensidades relativas da voz. Esses elementos foram comparados com outras falas de Zeitune extraídas da internet e também com o indivíduo denominado “operador“ nos arquivos fornecidos.
Dessa forma, o perito afirmou que não foram verificados em nenhum dos arquivos analisados “quebra de continuidade ou qualquer outro tipo de adulteração, seja por supressão, montagem ou inserção, que pudesse indicar uma fraude durante a gravação ou sua reprodução”.
Além disso, “os estudos das ondas e os espectros de frequência possibilitam a este perito afirmar com 100% de certeza que não houve qualquer fraude nos arquivos .mp3 e .mp4 que tenha alterado o contexto dos diálogos travados entre Alexandre Turri Zeitune, Operador, Empresário e HNI”.
Processo
Segundo o laudo, que contém 23 páginas e foi concluído em março, foram analisados 14 arquivos com extensão “.mp4” (de áudio e vídeo) com a transcrição do conteúdo das gravações e outros 14 com extensão “.mp3” (de áudio) correspondentes aos de vídeo, num tamanho total de 22,3 MB para os 28 arquivos. Todos estavam em um único pen drive que foi entregue no escritório político do vereador Marcelo Seminaldo (PT).
A perícia teve como objetivo verificar a integridade e a continuidade do conteúdo gravado de cada um dos fragmentos; analisar as formas de onda e os espectros de frequência gerados na análise; comparar o áudio gravado com as imagens das respectivas legendas gravadas em vídeo; analisar se houveram manipulações nos fragmentos dos áudios que tenha modificado o contexto dos diálogos; e a realização do confronto de voz, visando identificar os interlocutores dos diálogos.
Foto: Nico Rodrigues