Segmento que tem dado certo alívio às montadoras nessa crise provocada
pela pandemia do coronavírus, principalmente pela demanda do setor de
agronegócios, as picapes cada vez mais se aproximam dos automóveis em termos de
conforto e tecnologia. Criadas para transportar pequenas cargas, passaram a ser
também demandadas para uso de lazer e familiar e versões mais luxuosas ganham
espaço nas vendas.
No primeiro semestre deste ano, a participação
das picapes nas vendas totais de automóveis e comerciais leves no País chegou a
14%, a maior da década, com 107,5 mil unidade vendidas. Enquanto as vendas de
carros hatch e sedãs caíram cerca de 43% em relação a 2019, as de picapes
tiveram retração de 32%, ficando atrás apenas dos utilitários-esportivos
(SUVs), com redução de 30% num mercado que está 40% inferior ao do ano passado.
Uma explicação estaria no uso maior para o
trabalho independente, diante da queda dos empregos formais. Mas a utilização
no lazer tem crescido. Um exemplo vem da recém lançada Fiat Strada que, em dez
dias, teve 6 mil unidades vendidas, 40% delas da versão mais cara, R$ 80 mil,
que tem cabine estendida, quatro portas (inédito no segmento), central
multimídia, câmara de ré e leva cinco passageiros
“Projetamos a Strada para que a versão topo
de linha pudesse alcançar 25% das vendas, mas, nesse instante, assumiu
40%”, afirma Herlander Zola, diretor da Fiat. A performance, diz ele,
chama atenção especialmente pelo fato de a campanha publicitária do lançamento –
que traz a versão mais cara , chamada de Volcano – como foco, só foi ao ar na
última sexta-feira, tendo como garoto propaganda um cover de Elvis Presley.
O presidente da Bright Consulting, Paulo
Cardamone, confirma que o agronegócio, por continuar crescendo apesar da crise
econômica, mantém a demanda por picapes, em especial as de médio porte, como a
Toyota Hilux, uma das preferidas no campo. “Junto com os SUVs é o segmento
que está segurando o mercado”, diz.
Lançamentos
O uso maior das picapes para lazer, contudo, tem
levado a um crescente número e lançamentos no mercado brasileiro e também fora
do País. As fabricantes veem o segmento como nova onda no mercado mundial,
depois da já consolidada preferência pelos SUVs Internacionalmente, marcas que
não atuavam nesse nicho estão introduzindo produtos, como a Mercedes-Benz.
Atualmente, as picapes representam 7% das vendas
globais de veículos, enquanto no Brasil é o dobro disso, perdendo apenas para
os Estados Unidos, onde a participação é de 18%. Em número de unidades
vendidas, o País é o quinto maior – em veículos como um todo está em oitavo
lugar no ranking global.
Com fôlego para aumentar ofertas no mercado
brasileiro, hoje com 12 modelos à venda, há pelo menos sete lançamentos de
picapes inéditas previstos para este ano e o próximo, sem contar as
reestilizações que vão ocorrer em veículos já tradicionais como Chevrolet S10 e
Toyota Hilux. Para comparar, os SUVs, que ficam com 25% das vendas totais, têm
40 opções em oferta.
Entre as novidades esperadas, segundo
publicações especializados do setor automotivo, estão um modelo Ford que deve
vir do México com nome de Maverick ou Courier, e a Volkswagen Tarok, que virá
da Argentina. Ambas terão a missão de enfrentar a Fiat Toro, segunda picape
mais vendida no País.
Picape vira nova onda no mercado de veículos
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