Da Redação
A Prefeitura de São Paulo vai substituir um mural de grafite no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. A obra realizada em 2015, ao lado da Praça das Artes, um dos equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura começou a ser apagada ontem (20). Nas redes sociais, um dos grafiteiros responsável pela pintura, o porto-riquenho Alexis Diaz, lamentou a remoção do mural, gerando centenas de comentários em desaprovação.
Em nota divulgada hoje (21), a Secretaria de Cultura disse que a intervenção foi realizada em um imóvel privado e o contrato já estava vencido. Por isso, foi tomada a decisão de fazer um novo mural, com consentimento dos artistas Alexis Diaz e o chileno Inti, que fizeram a pintura original. De acordo com o comunicado, eles deverão assinar um outro grafite no mesmo local.
“A nova obra irá dialogar com o projeto de reabertura da Praça das Artes, espaço público vizinho, que será reinaugurado no sábado (23) com enfoque no direito à cidade, ocupação de espaços públicos e multiculturalismo. O mural atual será apagado até sexta-feira (22), como informado aos artistas, e trará a seguinte frase ‘reservado para Inti e Alexis Diaz’ ”, diz a nota da secretaria.
A secretaria disse que “reconhece a arte urbana como uma vertente relevante e fundamental para a cultura contemporânea e para identidade da cidade” e que novos artistas serão selecionados para fazer trabalhos em outros espaços da Praça das Artes. “Reforçamos o compromisso da Secretaria Municipal de Cultura com o diálogo e a valorização das expressões artísticas e culturais na cidade de São Paulo”, finaliza o comunicado.
Condenação
No final de fevereiro, a Justiça de São Paulo condenou o ex-prefeito João Doria (PSDB), atual governador do estado, e a prefeitura de São Paulo ao pagamento de uma indenização no valor de R$ 782,3 mil pela remoção do mural de grafites da avenida 23 de maio.
O caso ocorreu em fevereiro de 2017, primeiros meses de Doria à frente da administração municipal. Inicialmente, as laterais da avenida foram pintadas de cinza para, em seguida, ser instalado um jardim vertical.
Na decisão, o juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara da Fazenda Pública, considera que a iniciativa deveria ter sido submetida à análise do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo.“Uma preocupação do espaço público, que, a pretexto de proceder à legítima zeladoria urbana, lesionou patrimônio cultural imaterial de São Paulo”, disse o magistrado.
Na ocasião, a defesa do governador João Doria afirmou que a sentença é nula, pois ele não teria sido formalmente citado. Os advogados disseram que vão recorrer para anular o processo e a sentença.
Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil