“Professor, como posso ficar com o corpo perfeito?”. A pergunta de um dos alunos da turma do 5° ano da EPG Dorcelina de Oliveira Folador ao professor de educação física Carlos Alberto Oliveira Gomes motivou um relato de experiência do docente, publicado no livro Escrevivências da Educação Física Cultural, obra organizada por Marcos Garcia Neira (São Paulo, FEUSP, 2023).
O livro é resultado das práticas docentes de participantes do Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, que entre outros objetivos busca inspirar outros docentes e divulgar o currículo cultural da educação física.
Em seu artigo, Carlos Alberto detalha a sequência didática realizada no segundo semestre letivo de 2022, com oito turmas do 5º ano da EPG Dorcelina, a partir da referida pergunta, ponto de partida para temas de interesse e estudos.
“Um dos encaminhamentos didáticos do currículo cultural é o mapeamento, que ocorre durante todo o processo de estudos de um tema, que pode ser alguma dança, luta, ginástica, brincadeiras, esporte, entre outros temas que pertinentes à educação física”, explica. O docente conta ainda que o tema caratê ainda estava em pauta quando, ao entrar para mais uma aula, foi surpreendido logo no início por uma pergunta de aluno. “Fiz uma pequena conversa e registrei. No retorno do segundo semestre e ao fim das aulas sobre caratê iniciamos um estudo sobre a pergunta: ‘o que é um corpo perfeito?’”, explica.
Além do levantamento de práticas corporais e a realização de exercícios físicos variados, o professor se dedicou a sistematizar reflexões e ideias dos alunos acerca da idealização pela busca do corpo dito perfeito. Essas reflexões foram importantes para que os alunos compreendessem as mudanças corporais que acontecem ao longo dos anos, além da observação da diversidade cultural, social, de gênero, entre outros aspectos.
“Como resultado, os alunos concluíram que não temos um corpo perfeito, que temos corpos diferentes e devemos valorizar as diferenças que nos marcam, mesmo compreendendo que há um discurso que impõe que apenas alguns tipos de corpos devem ser valorizados. Acredito que desconstruímos essa concepção”, explica Carlos Alberto.
De acordo com o professor, a conclusão à qual os alunos chegaram também é consequência de trajetória elaborada aula a aula, questão a questão. “Isso possibilitou compreender que há imposições de valorização de alguns corpos, mas que podemos elaborar maneiras outras de valorizar as nossas diferenças em contraposição a discursos que desrespeitam ou deslegitimam outras maneiras de existir, bem como outros corpos”.
Para conferir o artigo do professor Carlos Alberto Oliveira Gomes e os artigos dos demais autores do livro Escrevivências da Educação Física Cultural acesse https://www.livrosabertos.6sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/952.