O Brasil é um país emergente. Por isso, é extremamente dependente das taxas de juros para atrair investidores estrangeiros, o que faz com que quaisquer movimentações políticas, tanto positivas como negativas, impactem diretamente no mercado financeiro nacional.
Para fazer uma comparação, vou usar os Estados Unidos como exemplo. Lá, os efeitos das manifestações políticas não são tão sentidos como aqui. Se o presidente norte-americano, Donald Trump, falar alguma coisa em público, os índices da bolsa local não serão tão modificados. Já no Brasil, qualquer declaração do presidente Jair Bolsonaro gera uma reação muito forte no mercado financeiro.
Por isso, todos os acontecimentos políticos recentes em nosso país alteraram significativamente o “humor” do mercado, já que esses fatos refletem diretamente na confiança do investidor. Passamos por um período de “pisar em ovos”, com o pedido de demissão do então Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Sua barulhenta saída do governo refletiu na bolsa de valores. Os índices caíram muito no dia do anúncio.
Enquanto Moro dizia que tinha provas de que Bolsonaro gostaria de interferir politicamente na Polícia Federal, o mercado reagiu com medo. Os próprios economistas estavam inseguros em relação ao desdobramento do caso. Resultado: houve fuga de capital estrangeiro do país. Isso fez com que a bolsa caísse e o dólar subisse naquele momento.
No entanto, na última sexta-feira, 22/05, com a divulgação do vídeo da reunião ministerial, realizada no dia 22 de abril, o mercado reagiu positivamente – como se o conteúdo do encontro entre Bolsonaro e os ministros não provasse as acusações de Moro. A bolsa subiu na segunda-feira, 25.
A subida também foi impulsionada pela reabertura dos mercados externos. Como o Brasil é um país exportador e os principais ativos da bolsa são comercializados no exterior, os resultados foram positivos.
As inseguranças e seguranças do mercado são definidas por ações políticas porque somos dependentes de capital estrangeiro. Isso explica a volatilidade da nossa economia. O pedido de demissão de Moro afastou o investidor. O vídeo da reunião ministerial e a retomada da atividade econômica em outros países fizeram com que a situação melhorasse: entrou dinheiro do exterior no Brasil e o dólar caiu.
Não é tão simples entender todas essas movimentações e quais serão os seus impactos no cenário econômico. Mais difícil ainda é identificar quais oportunidades para investir o seu dinheiro podem surgir nessa instabilidade quase que permanente. Por isso, é sempre importante consultar um especialista na área de investimentos. Somente um profissional capacitado poderá orienta-lo na hora de aplicar, sempre obedecendo seu perfil e o que você pretende com seu investimento.
Daniella Rolim, CFP®, é graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Banking e tem MBA em Gestão de Negócios e Finanças. Educadora financeira formada pela DSOP, é planejadora financeira com certificação internacional CFP e diretora comercial da Flap Capital