Da Redação
Por trás da aparente melhora da taxa de desemprego no segundo trimestre (que caiu para 12,4%), está uma situação alarmante. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o país atingiu um número recorde de 4,8 milhões de pessoas que desistiram de procurar trabalho. A taxa de desemprego caiu, em grande parte, porque milhares de pessoas que gostariam e estariam disponíveis para trabalhar pararam de buscar uma vaga por acreditar que não conseguiriam uma ocupação – os chamados desalentados.
O levantamento, divulgado na última quinta-feira (16), aponta outro recorde: 3,1 milhões de pessoas já estão há mais de dois anos à procura de emprego. “Quanto mais tempo a pessoa busca emprego maior a chance de migrar pro desalento”, diz Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Em apenas um trimestre, 202 mil pessoas a mais passaram a essa condição. Em um ano, a precariedade do mercado de trabalho levou ao desalento mais 838 mil indivíduos.
“Estamos num momento de elevada incerteza, o que significa que a retomada (da economia) existe, mas fica contida, aquém do que se esperava”, diz José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Isso obviamente segura a retomada, com consequências claras sobre o emprego.”
Ao todo, faltou trabalho no Brasil para 27,6 milhões de brasileiros. Além dos inativos com potencial para voltar ao mercado, havia ainda quase 13 milhões de desempregados e outros 6,5 milhões de pessoas trabalhando menos tempo por semana do que gostariam.
Em SP, mais de 400 profissionais desistiram de procurar emprego
Pedro Lacerda
Em todo o Estado de São Paulo, a perspectiva de pessoas que pararam de buscar emprego por acreditar que não conseguiram uma ocupação em sua área, chegou a 467 pessoas no segundo trimestre deste ano.
Segundo dados do IBGE, o número aumentou em 67, onde o estado anotou exatas 400 pessoas desalentadas. Em toda a Região Sudeste, são 1.005 pessoas que se enquadram nesse perfil.
Imagem: Pedro Ventura/Agência Brasília