Após entrar na região da Cantareira pela fronteira com Minas Gerais, o vírus da febre amarela provavelmente seguirá seu caminho no Estado de São Paulo em direção à Serra do Mar, preveem as autoridades de saúde.
Por essa razão, cidades do litoral como Guarujá, Ilhabela e São Sebastião, entre outras, foram incluídas na campanha de vacinação com doses fracionadas, iniciadas no último dia 25. Desde então, cerca de 1 milhão de pessoas foram vacinadas no Estado.
Para Marcos Boulos, coordenador de Doenças da Secretaria da Saúde do governo Geraldo Alckmin (PSDB), a chegada ao litoral possivelmente não ocorrerá neste verão. “Se começar a aparecer casos na região de Angra dos Reis e Paraty, vamos saber”, disse.
Por ora, isso não ocorreu. O litoral paulista não registra nenhum caso da doença, nem em humanos nem em macacos.
A secretaria ressalta que pessoas sem indicação da vacina não devem correr aos postos, até porque o Estado registra três mortes por reação adversa à vacina e tem mais 12 sob investigação.
Não devem tomar a imunização, por exemplo, crianças com menos de nove meses e pessoas imunossuprimidas.
Quem está fora da área de recomendação de vacina, ou não pretende viajar a alguma, deve esperar a orientação médica ou das autoridades de saúde para tomar a vacina.
CORREDORES ECOLÓGICOS
A previsão de rotas pelas quais a febre amarela pode avançar é feita desde o ano passado com base em corredores ecológicos: regiões de mata e rios por onde o vírus tem se disseminado.
Mapeamento feito pela secretaria mostra que o vírus avançou por esses corredores desde 2016, chegando em três entradas. A primeira, pela região de São José do Rio Preto, no noroeste do Estado; a segunda, por Poços de Caldas, no sul de Minas, e a segunda, pela região de Extrema, cidade mineira na divisa com cidades paulistas da região da Serra da Cantareira.
Essa terceira entrada seria a responsável pelos casos que ocorrem em cidades como Mairiporã (77) e Atibaia (17). O número de registros da doença no Estado aumentaram de 81 para 134 na semana passada, em relação à anterior.
Uma hipótese da área técnica para a volta da circulação do vírus é o aumento da área de reflorestamento do Estado, que teria crescido 16% na última década. Com isso, fragmentos de mata antes separados podem ter voltado a ter interligações.
TRANSPLANTE E REMÉDIO
Desde o início do ano, o Estado de São Paulo fez seis transplantes em pacientes com hepatite fulminante causada por febre amarela, cinco na capital, onde eles estão em recuperação, e um em Campinas, que não resistiu e morreu. A iniciativa é inédita no mundo.
O secretário David Uip afirma ainda que está em desenvolvimento um protocolo para uso de medicamento contra hepatite C (sofosbuvir) para uso em parte dos casos de febre amarela, como antecipou a Folha. Parte dos doentes já estaria recebendo o tratamento, em comum acordo com os médicos.
Segundo ele, a população de todo o Estado deve ser vacinada até o final, de forma gradual, com doses fracionadas.
A imunização também será incluída no calendário de vacinação de crianças do país todo, por decisão tomada no ano passado pelo Ministério da Saúde. A data de início da medida ainda será definida.
(Folhapress)
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